quinta-feira, 9 de abril de 2009

Doutor Jesus

Num corredor cheio de pacientes, de um hospital público na Galiléia:

- Hummm, bico-de-papagaio! Só uma porretadinha com o meu cajado.

Páááááááááááá nas costas do paciente.

- Agora levanta e anda, infeliz!

- Caralho, doutor! Eu to andando, eu to andando!

- Próximo!

- Doutor, doutor, eu não to enxergando nada!

- Deixa eu dar uma olhadinha. Hummm, como eu pensei. Catarata! Deixa eu pingar um colírio aí, meu filho.

- Meu deus, eu to enxergando tudo, que maravilha! Muito obrigado, doutor.

- Caralho, dá meia noite mas num dá 6 horas nesse inferno. Próximo.

- Hum hum hum, hum hum.

- Mudo, né?

- Hum-rum.

- Bota a língua pra fora. Prontinho, curado.

-Putaquepariudoutortunumsabeháquantotempoeunãoconseguia (pausa pra respirar) falartunumsabedaminhavontadedepoderfalarcomtodomundoconversarahoraqueeuquiserhum hum hum. Hummmmmmmmmmmmmmm????

- Se for pra ficar falando que nem um louco, é melhor ficar mudo.

A Jesus Cristo foram creditados muitos milagres. O que ninguém sabe é que esse pobre rapaz, nascido na Galiléia, filho de seu José, um pobre carpinteiro, e de dona Maria, uma simples dona de casa, era formado em medicina pela Federal da Mesopotâmia. Bom filho, desde muito cedo, Jesus conciliava seus estudos com a ajuda na carpintaria do pai. Esforçado, foi reprovado três vezes antes de conseguir entrar na faculdade. Como a maioria das pessoas não tem acesso as informações, aquelas que detêm a usam como meio de poder e dominação. Assim, inventaram a Biblia, e dentro dela colocaram Jesus, o médico, como um milagreiro, um enviado de deus. Na verdade, esses "milagres" nada mais eram do que tratamentos que o Doutor Jesus usava para curar seus pacientes. "Mas e quanto ao fato dele abrir o mar?". Passou um meteoro ali ,bem na hora que o bicho encostou o cajado no chão pra descansar. Todos os outros milagres de Jesus, não passam, na verdade de meros acontecimentos naturais. A sorte dele é que ele estava sempre na hora certa, no lugar certo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Hitler

Na hora do recreio de uma escola primária na Áustria, um pequeno garoto sofria na mão de seus amiguinhos:

- Chuta o traseiro desse anão, Katz!

- Tá com medinho, Adolfinho?

- Eu tenho dinheiro pra comprar lanche e você não, seu cocô de anão!

- Ele trouxe pão com ovo de novo, Schwartz!

- Por isso que esse merdinha cheira a merda, Fritz.

- Não, não pode jogar no meu time, Adolf.

E assim foi a infância desse garoto. O problema é que ele cresceu com vários traumas e jurando vingança. E conforme ele ia ganhando poder, a Alemanha ia ficando cada vez menor. E ao expandir as fronteiras alemãs, crescia também sua loucura. O mundo parecia pequeno para este pequeno austriaco metido a alemão que se achava ariano. E queria criar uma raça superior. E no seu mundo superior, não cabia Fritzs, Schwartzs, Katzs e outros judeus, negros e comunistas. Porque para ele, judeus, negros e comunistas não eram seres superiores. Eram só seres. E sendo só seres, não serviam para nada, só como carvão. Foi aí que ele criou a Auschwitz-Treblinka Ltda, maior empresa de carvão do mundo. Com o monopólio do carvão, Hitler abastecia toda a Europa, África, Ásia e Américas Central e do Sul. Com medo de que a Alemanha se tornasse um império, os outros países do mundo iniciaram uma guerra, de proporções gigantescas, e que no final iria levar a morte milhões de pessoas, além de fragmentar a Alemanha, e bipolarizar o mundo, que agora estavam sob o comando dos bonzinhos democratas capitalistas, e dos malvados comedores de criancinhas comunistas.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Proclamação da República

- Dodô! Dodôôôôôôôôôôôôôôôôôôôôôôôôô!

Deodoro da Fonseca aparece na porta:

- Que que foi, galera?

- Bora ali, véi?!

- Ali onde, galera?

- Ali, tocar na Praça da Aclamação!

- Pô véi, to doentaço. Ontem fiquei até tarde na Taberna do Seu Francisco, tomei todas, to meio ressaqueado e gripado pra caralho!

- Qualé, mermão, tu num quer fazer sucesso não?

- Pô véi, até que quero, saca. Tem que fazer algum esforço?

- Tem não véi, é que se for só a gente, nego num vai dar moral, sacou? Tu sabe que é o frontman da banda! Só veste o uniforme ahe, e vamo nessa.

- Então beleza, guenta um pouco ahe que eu vou tomar um banho rapidão...

No meio do caminho, Deodoro escuta que o Gaspar Silveira, o Gasparzinho, tinho sido contratado pelo rei, pra tocar com sua banda, na festa de 15 anos de Isabelita, no Paço Imperial. Aí o caboclo emputece. Porque Dodô e Gasparzinho eram inimigos mortais, já tinham trocados farpas por conta de uma mulher, quando estudavam juntos. Dodô então reune sua galera, e toca pro Paço Imperial. Chegando lá, eles começam a protestar: "Abaixo o rei", "Ei, rei, vai tomar no cú". Em pouco tempo, todo o Paço está tomado, não só pela galera de Dodô, mas também por um monte de populares e algumas pessoas defensoras da república. O rei se sente acuado, sem saber o que fazer. Percebendo que estava por cima da carne-seca, Deodoro da Fonseca conclama a turba exaltada: "uh, uh, vamo invadir, uh, uh, vamo invadir". O rei dá no pé, e Dodô, meio sem saber o que fazer, levanta a mão pro alto e grita: "Independência ou morte". Nego cai na gargalhada, e explica pra ele que o Brasil já era independente, e que essa frase já tinha sido usada. "E agora, véi, que que eu faço?" - pensou Deodoro. Os republicanos ao seu redor chegam pra ele e dizem: "Biiiiiiicho, proclama a república ahe, que a gente promete que só vai contratar tua banda pras apresentações oficiais". Ele conversa com outros membros, e decidem então, proclamar a República do Brasil. A carreira de Dodô é alavancada, e em pouco tempo ele está nas cabeças.

Tu quoque, Brute, fili mi?

- Poooooooorra, até tu, Brutus?

- Tio Júlio. Enfim voltastes!

- Voltei, agora saia da minha cama, e tu, dona Calpúrnia, vá vestir uma roupa.

- Pô, tio Júlio, foi mal ahe. Eu tava aqui sozinho, tua mulher tava dando mole, aí tu sabe, né, créu!

- Beleza, Brutus. Mas só não vá espalhar isso por aí, porque tu sabe, né, esses romanos adoram uma fofoca, e isso pode acabar queimando minha reputação.

- Podeixar tio, tu sabe que eu sou mineiro, como quieto pra comer sempre. Ahe tio, na próxima vez que tu for invadir algum território e dominar mais bárbaros, deixa eu ir com você?

- Deixo sim, Brutus. Prometo.

- Eeeeeeeeeba...

Para muitos, a tal facada de Brutus em Júlio César fora literal. Mas, analisando várias fontes primárias a que tivemos acesso, observamos apenas uma metáfora pra explicar a situação a que Júlio César estava submetido, traído por todos em Roma, já que sua mulher, Calpúrnia, era muito, digamos, dada. Júlio César não podia sair pra invadir um território ou subjugar um povo, que pronto, era batata, Calpúrnia se soltava toda. Foi uma facada? Foi! Foi uma traição? Sim! Foi pelas costas? Com certeza!Foi uma facada de Brutus em Júlio César pelas costas? Não exatamente, caros leitores. Quando Júlio César chega de mais uma de suas conquistas e adentra seu quarto, pega Brutus metendo a faca em sua mulher, de quatro, portanto, pelas costas. E é por isso que sempre que alguém que confiamos faz alguma merda contra a gente, soltamos essa famosa expressão: "ATÉ TU, BRUTUS?!?!".

Terra Brazilis

- E ahe, Pepê, de boa?

- Fala Cristovão. De boa, e tu?

- Tranquilo também. E ahe, essa excursão pro Carnabrasil sai ou não sai?

- Então mermão, já consegui o patrocínio do rei, e fechei 3 navios. Já tá tudo lotado, mais de 1500 cabeças. E o cara ainda vai contratar umas bandas africanas pra tocar.

- Caralho mermão, imagina. Aquelas índias todas safadinhas e os africanos comandando o som. A galera vai enlouquecer. Pode se preparar, véi, porque todo ano nego vai querer ir pra lá.

- To ligado, véi. O problema é a Isabel, aquela encrenqueira.

- Ah, relaxa, aproveita a parada, se ela te largar, tu se dá bem no carnaval. Fiquei sabendo que o Bloco dos Aymorés é o mais doido, dizem que as índias são as mais safadas, chupam até os ossos.

- Então, é pra esse bloco mesmo que eu vou...

Pois é, meus caros, como podem observar, a história do Brasil não é bem essa que vocês estão acostumados a ler nos livros lançados por aí. Cientes de que aqui rolava um puta carnaval, o rei portugês fomentou o turismo, investindo pesado em infra-estrutura, contratando as melhores bandas de axé da África, organizando os blocos índigenas e trazendo os foliões portugueses. Pronto, as bases da nossa miscigenação estavam lançadas, era só deixar rolar. E o resultado é isso que estamos vendo agora: um país colorido, alegre, onde tudo acaba em carnaval, quando não em pizza, trazida pelos foliões italianos, que só descobriram essa beleza séculos depois.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Última Ceia (ou Santa Ceia)

- E ahe Jesus, vai dar plantão no sábado?

- Vou não, Pedrão. Qual a boa?

- Então, to chamando a galera pra me ajudar a encher a laje do meu barraco. Rola de dar uma mão?

- Na hora, véi. Chamou Madá?

- Chamei, chamei. Vou botar uma feijoada pra galera e ela que vai fazer.

- Feijoada? Tô dentro, mermão. Pode contar comigo.

- Então, se a galera pilhar, no final da tarde, quando o sol tiver mais baixo, a gente pode jogar uma pelada.

- Beleza, tamo lá então!


Sabadão, 7 horas da madrugada, a galera começa a chegar. Mateus, Paulo, Jesus, Maria Madalena, João, André, Tiago e todos os outros que outrora formaram a GG, Galera da Galiléia. Pedro mete um pagodão na vitrola, bota o isopor com cerva lá pra fora, Maria Madalena vai pra cozinha, e o resto da galera começa a meter a mão na massa. Ao meio dia, Maria Madalena anuncia que o rango tá na mesa. Mateus, o mais cachaceiro da galera, vai preparar a caipirinha. Meio dia e meia, nego começa a lavar as mãos e se preparam pro momento que ficaria marcado para sempre em nossa civilização ocidental: a Última Ceia. Embora Pedro seja o dono da casa, é Jesus, líder da galera, que se senta ao meio, cercado por seus demais amigos. Ele então levanta um pedacinho de torresmo e diz: "Este é meu corpo". A galera, meio bêbada, grita em coro: "Porco, porco". Jesus, então, levanta o vaso de caipirinha preparado por Mateus, e diz: "Este é meu sangue". Madá, mais pra lá do que pra cá, exclama: "Vou te te beber todinho, Zesuis!". Judas, enciumado, aponta para Jesus, e comenta em voz baixa: "Vais morrer, fela da puta". Jesus então sente algo, e anuncia: "Alguém aqui quer foder comigo". Todos negam. Jesus insiste, e a discussão começa. Mas quando a parada começa a pegar fogo, chega a mãe de Pedro, que fala: "Galera, galera, junta ahe, vamo tirar uma foto". O ranca-rabo cessa, todos dizem "x" e temos então a imagem que entra pra história.